Você não imagina
Você não faz ideia
Do que é vestir a pele de uma mulher preta
Você não tem noção
Da dimensão
Do que é viver todos o días lutando,
No imaginas
No tienes idea
De lo que es vestir la piel de una mujer negra
No alcanzas a ver
A dimensionar
Lo que es vivir todos los días luchando
Preta! Ah, preta!
Só você sabe
Só você sente…
Eu não vou te pedir para ser forte
Pois se que você já ouviu isso a vida inteira
Eu não vou te desejar boa sorte
Afinal, você nunca pode contar com ela
¡Negra! ¡Ay, negra!
Solo tú lo sabes
Solo tú lo sientes…
No te pediré que seas fuerte
Porque sé que lo has oído toda la vida
No te desearé buena suerte
Después de todo, nunca has contado con ella
Sempre foi você
Abrindo os próprios caminhos
Escrevendo o próprio roteiro
Sempre foi você
Enfrentando o mundo inteiro
Sempre foi você levantando a voz
Para mostrar que tinha voz
Sempre foi você erguendo a fronte
Quando te queriam para baixo
Siempre fuiste tú
Abriendo los caminos
Escribiendo tu propia historia
Siempre fuiste tú
Enfrentando al mundo entero
Siempre fuiste tú alzando la voz
Para reafirmar que la tenías
Siempre fuiste tú levantando la frente
Cuando te querían sumisa
Eu sei, preta
Ou você aprendia a ser forte
Ou, então, não teria sobrevivido.
Lo sé, negra
O aprendías a ser fuerte
O, simplemente, no sobrevivías
E cada vez que você dizia que não havia
Espaço para sentimentalismos
Você estava preparando os seus para o mundo
Y cuando decías que no había
Lugar para los sentimentalismos
Estabas alistándolos para encararlos al mundo
Você me ensinou a lutar, preta!
Você me ensinou a gingar na vida
Cono se ginga na roda
Você me lembrou do quão forte posso ser
Do quão resiliente eu posso ser.
Você me ensinou a nunca abaixar a cabeça
A nunca deixar quem quer que fosse falar por mim.
Você me mostrou que isso aqui é uma guerra
E nós estamos na linga de frente, sim!
¡Me enseñaste a luchar, negra!
Me enseñaste a sortear la vida
Como en la calle
Me recordaste lo fuerte que puedo ser
Lo resiliente que puedo ser
Me enseñaste a no redimir
A nunca dejar que nadie hable por mí
Me hiciste ver que el presente es una guerra
Y nosotras estamos en la primera línea, ¡si!
Há quem diga, hoje, que você é
Uma mulher dura
Mas ninguém sabe as batalhas que você travou
E as feridas que cicatrizou na marra
Para chegar até aquí
No falta quien, hoy, diga que eres
Una mujer dura
Pero nadie sabe las batallas que libraste
Y las heridas que curaste a la fuerza
Para llegar hasta aquí.
Você se manteve de pé
Quando estaba prestes a cair
Você não parou de lutar
Mesmo quando quería desabar
Eu sei, força que nunca te faltou
Mas, e amor? E amor, preta?
Te mantuviste firme
Aun cuando estabas próxima a caer
No paraste de luchar
Aun cuando querías rendirte
Sé que nunca te hizo falta fuerza
Pero ¿el amor? ¿y el amor, negra?
Quantas veces você desejou um colo ou um ombro
Para deixar as lágrimas cairem?
Porque, sim!
As tigresas, as deusas, as leoas
Também cansam
Também caem
Também sentem.
Me fala, preta!
Quantas vezes você se sentiu amparada?
Quantas vezes você se sentiu realmente amada?
Poucas ou nenhuma?
¿Cuántas veces deseaste un abrazo o un hombro
para liberar las lágrimas?
¡Porque si!
Las tigresas, las diosas, las leonas
También se cansan
También caen
También sienten
¡Dime, negra!
¿Cuántas veces te sentiste protegida?
¿Cuántas veces te sentiste realmente amada?
¿Pocas o ninguna?
Eu sei que você sabe como é se sentir assim
O que tal vez você não saiba
E que em outra casa
Em outra rua
Em outra pele preta de mulher
A mesma solidão persistía
Insistía
Existía
E consumia até.
Sé que sabes cómo se siente
Lo que quizá no sepas
Es que en otra casa
En otra calle
En la piel negra de otra mujer
Habitaba la misma soledad
Insistía
Existía
Y la consumía también
Sempre fomos muitas, mulher!
E eu sei que enquanto juntas nós estivermos
Nada pode nos parar
¡Siempre fuimos muchas, mujer!
Y mientras estemos juntas
Nada nos puede detener.
Ame a uma mulher preta e veja o sistema quebrar
E a revolução está só començando
As pretas estão se amando!
As pretas estão se amando!
Ama una mujer negra y ve el sistema caer
Y la revolución apenas está empezando
¡Las negras se están amando!
¡Las negras se están amando!
Un poema de Ana Lúcia Santos traducido por Ana Hurtado Pliego